Silviano Santiago

No dia 31 de março de 2022, o grupo de pesquisa Cinco anos entre os bárbaros: cidade, canção, corpo fez uma entrevista com o escritor, crítico e professor Silviano Santiago, com a finalidade de gerar informações e reflexões para a pesquisa sobre o desbunde que marcou especialmente a geração dos anos 1970. Silviano é autor de importantes ensaios sobre o período, como “Os abutres” e “Caetano Veloso enquanto superastro”, ambos de 1972, publicados em Uma literatura nos trópicos, de 1978 (mesma coletânea onde consta o clássico “O entrelugar no discurso latinoamericano”, de 1971). 

Nesse contexto, Silviano Santiago respondeu a perguntas formuladas pelo grupo, e falou sobre a virada entre os anos 1960 e 1970, começando por sua formação acadêmica e profissional, e por seu interesse teórico pelo fenômeno do “desbunde” ou, em suas palavras, pela emergência de uma “estética da curtição”. Segundo o autor, a ideia de curtição esteve diretamente ligada à centralidade do corpo – de um corpo “em perigo” -, que, naquele momento, fundamentava uma nova forma de resistência ao regime civil-militar, especialmente após o AI-5. Nesse sentido, Silviano identificou um processo geracional de “saída do armário” (em diversos sentidos), além de uma falta de decoro dos artistas no palco, o que resultou, a seu ver, em um processo de ressemantização dos corpos e dos sujeitos. Na sequência, discorreu  sobre a sensibilidade para os fenômenos do tempo presente, sobre o jornalismo cultural nos anos 1970, sobre a canção popular e o espetáculo, sobre a participação do espectador, e sobre a recepção aos fenômenos culturais e teóricos daquele momento. Além disso, analisou o conceito de “vão”, relacionado-o à sua ferramenta teórica do “entrelugar”. Por fim, o autor respondeu a uma questão sobre outros textos canônicos do período, comentou seus interesses teóricos particulares e demarcou as especificidades de suas perspectivas intelectuais sobre o corpo, a cultura e a literatura. 

A pesquisa e elaboração das questões foi uma realização coletiva do grupo, e a condução da entrevista foi realizada por Fabiana Dultra Britto, Guilherme Wisnik, Rafael Julião e Washington Drummond.

I_ Silviano Santiago fala sobre sua formação e atuação às vésperas dos anos de 1970.

II_ Silviano Santiago analisa o fenômeno do desbunde.

III_ Silviano Santiago fala sobre a noção de vão e o jornalismo cultural nos anos de 1970.

IV_ Silviano Santiago fala sobre a pós-graduação brasileira, a sensibilidade para o “hoje” e a recepção aos movimentos culturais e teóricos dos anos de 1970.

V_ Silviano Santiago fala sobre a curtição, resistências e desvios.

VI_ Silviano Santiago fala sobre os movimentos libertários e musicais nos anos 1970 em oposição ao autoritarismo.

VII_ Silviano Santigo fala sobre o cinema, o espetáculo e a ressemantização do corpo.

VIII_ Silviano Santiago fala sobre o corpo-em-perigo, o corpo político e a resistência.

IX_ Silviano Santigo fala sobre as especificidades de suas abordagens teóricas e perspectivas intelectuais sobre corpo, literatura e cultura.

X_ Silviano Santiago fala sobre a participação do espectador e sobre participação política.